A questão da maquilhagem é traiçoeira. Por um lado, não gostaria de contribuir para alinhar com a tradição publicitária que se propõe impor um código de beleza e de aparência a todas as mulheres. Por outro, reconheço que a maquilhagem não é um factor que passe facilmente despercebido; consoante o caso, pode parecer excessiva ou, pelo contrário, insuficiente.
Em tempos, procurei saber junto do chefe de uma das minhas clientes, uma cientista brilhante, o que ela deveria fazer para ser promovida, porquanto se me queixara de que a sua carreira estava a marcar passo. Resposta dele: definir uma estratégia, ser mais interveniente em público e mais combativa ao defender os elementos da sua equipa. Após um silêncio prolongado – levando -me a pensar que a lista ainda não chegara ao fim –, acrescentou, com um ar um tanto comprometido: “Também não perderia nada se começasse a pintar-se um pouco.” O comentário suscita dois tipos de leitura: ou se trata de mais uma afirmação sexista entre muitas outras, ou de uma observação sensata sobre aquilo que se espera de uma mulher com aspirações a subir na escala hierárquica.
Uma vez, andava eu às compras em Palm Springs, na Califórnia, reparei numa mulher excessivamente maquilhada. Virei -me para a amiga que me acompanhava e, com um movimento da cabeça, comentei: “É a cara chapada da Tammy Faye Bakker*.” Quando chegámos à caixa e a vi com o marido (na altura, Jim Bakker), percebi que era mesmo a Tammy Faye Bakker.
Ninguém, na sua empresa, esperará da leitora que se pareça com uma actriz ou uma modelo. Mas a maquilhagem, tal como uma jóia ou um lenço de pescoço, é um adorno em que se repara. Prescindir dela poderá comprometer a sua credibilidade tanto quanto usá-la em excesso.
DICAS
> Se não tem o hábito de se maquilhar, comece de forma gradual e seguindo os conselhos de uma amiga ou de uma esteticista.
> Dirija -se ao departamento de cosméticos de um grande armazém e peça conselhos gratuitos sobre o tipo de maquilhagem que lhe fica bem.
> Peça a opinião de uma colega em quem confie ou de uma amiga que considere entendida na matéria.
> Se não tem o hábito de se maquilhar, comece de forma gradual e seguindo os conselhos de uma amiga ou de uma esteticista.
> Passe a aconselhar -se com as delegadas de certas marcas de produtos cosméticos (Avon ou Mary Kay, por exemplo). Elas dar-lhe-ão instruções úteis.
> Ponha-se de costas para um espelho, vire-se de repente e olhe para a sua imagem. O que vê? O primeiro pormenor a saltar-lhe à vista – seja a boca, os olhos ou a pele – será aquele que a maquilhagem deverá atenuar ou, pelo contrário, realçar.
* Figura muito popular da televisão norte-americana, conhecida pela forma espalhafatosa como se maquilha. (N da T.)
