Beleza para sempre, quando se está deitado | Dra. Yael Adler

Um rosto jovem, sem ângulos nem sulcos, deve o seu encanto às «almofadas de gordura» da hipoderme. Se os jovens possuídos pela febre da redução de peso soubessem… É precisamente a gordura que confere o aspeto jovem e a beleza! As almofadas de gordura do rosto encontram‑se bem «empacotadas» em câmaras de tecido conjuntivo.

Infelizmente, ao longo da vida também esse tecido conjuntivo cede e se torna frouxo, pelo que, sujeitas à força da gravidade quando estamos em pé, as almofadas de gordura abatem.
As faces e os olhos parecem encovados – em comparação com a versão mais jovem de nós mesmos, parecemos então mais consumidos, mais cansados, desprovidos da suculência de outrora. O rosto pode ser comparado com um triângulo, que na juventude está assente sobre um dos vértices, mas que com o avançar das décadas se inverte e passa a estar assente sobre um dos lados.

É só até certo ponto que o excesso de peso protege destas alterações. Se a gordura cutânea for muita, as almofadas tendem igualmente a abater; na verdade, a esse abatimento ninguém escapa.




Aqueles que na região da pálpebra inferior não desenvolvem um olhar encovado, terão em vez disso talvez o prazer de a pele da pálpebra se tornar frouxa e descaída. Também este é um fenómeno típico da idade. Imaginemos o tecido conjuntivo como uma rede de pesca cuja malha é firme e densa e que na juventude mantém todas as camadas da pele bem compactadas e pressionadas contra os ossos da face. No entanto, quando essa rede de pesca se torna lassa, tudo descai, passa a pender ou até mesmo a bambolear, como acontece com frequência na região do pescoço.
O facto de o nosso tecido conjuntivo se tornar tão frouxo deve‑se por um lado à diminuição na produção de hormonas sexuais, por outro também a uma menor disponibilização de hormonas de crescimento, e por fim às influências nocivas a que ao longo da vida nos vamos expondo. Esses fatores capazes de acelerar o envelhecimento são radicais livres que danificam o tecido, as estruturas proteicas, as moléculas de açúcar e de gordura e o material genético nas células. Uma parte desse efeito pode ser remediada pelo corpo através de enzimas e vitaminas, que conseguem neutralizar esses radicais, mas quando a radiação UV e o fumo do tabaco são uma presença constante, este delicado sistema de reparação é alterado. Os radicais livres ativam então enzimas que degradam o colagénio, que fragilizam o tecido conjuntivo e impedem a formação de novo material.
https://www.leyaonline.com/pt/livros/saude/o-fascinante-mundo-da-pele/Enfim, envelhecer é uma questão de atitude. Melhor seria que pudéssemos desligar a gravidade, que nos deitássemos de costas e sorríssemos – e eis que desaparece tudo aquilo que está pendurado –, mantendo assim toda a nossa beleza, desde que deitados.