Eis como apoiar a autonomia dos seus filhos – a sua motivação intrínseca – quando lhes pede que façam tarefas aborrecidas (mas necessárias). Tive de fazer uma mnemónica para me lembrar dos três componentes: chamo-lhe ERNing 3, ou seja, motivar as crianças através da empatia, razão e linguagem não controlada. Dantes, motivava-as para ganharem uma recompensa: agora motivo-as para esse ERN.
Sinto-me feliz por escrever que este encorajamento testado pela ciência me sai tão facilmente da boca como “Se fores já lavar os dentes, ponho mais uma estrela no teu gráfico por seres tão rápida”.
“ERNING” E APRENDIZAGEM
1. Mostre empatia antes de terminar o seu pedido. Esse passo constituiu uma mudança de vida – bem, talvez apenas uma mudança de hábitos – para a minha família. Uma noite, queria que Fiona fosse lavar os dentes e já lhe pedira várias vezes que o fizesse. Em seguida, pensei para comigo: “Bom, expressa empatia.” Disse: “Fiona, sei que não te apetece, mas precisas de ir lavar os dentes já.” Ao ver que não obtinha resposta, percebi que não sabia porque é que ela resistia e, assim sendo, não podia mostrar compreensão. Limitei-me a perguntar: “Fiona, porque é que não queres ir lavar os dentes?” Respondeu-me que não queria ir ao andar de baixo sozinha (as luzes estavam apagadas e escurecera) e que queria que a acompanhasse.
2. Forneça motivos racionais. Porquê pedir aos seus filhos que façam essa tarefa aparentemente insignificante? Começo a habituar-me a fornecer motivos racionais como: “Por favor, vai lavar os dentes para que pareçam limpos e saudáveis.” É muito mais motivador para as crianças do que: “Por favor, vai fazê-lo porque já te pedi mais de 100 vezes.”
3. Dê-lhes a entender que têm uma opção, em vez de usar “linguagem controladora.” Chocante, mas verdadeiro: a minha imposição não motiva as minhas filhas. É muito mais fácil dizer-lhes simplesmente o que preciso que elas façam, como:
“Por favor, esvazia a máquina de lavar louça. Agora.” Uma linguagem menos controladora seria: “Sugiro-te que…” ou “Se quiseres…” ou “Seria uma grande ajuda para mim se…”
De início, pensei que não ia resultar, que as minhas filhas recusariam decididamente a tarefa se tivessem escolha possível, mas a verdade é que não podem escolher. Tudo o que se afastasse da minha habitual prepotência pareceria pouco autêntico. Mas em seguida percebi que não queria ser aquela mulher mandona e também que não tinha nada a perder: ela já andavam a recusar as tarefas muitas vezes. A maioria das crianças sabe que acabam por fazer a maior parte das coisas que lhes pedimos que façam; não é uma opção deixar de lavar os dentes ou de fazer os trabalhos de casa. Mas quando evitamos usar ordens e uma linguagem controladora (“Tens de fazer…”, ou “O que tens de fazer é…”) há muito menos a que resistir e, por isso, resistem muito menos.
Eis mais uma dica: quando encorajamos uma criança a executar uma tarefa aborrecida com empatia, racionalidade e sem uma linguagem controladora, ela sente-se mais feliz a fazê-la do que se lhes oferecêssemos uma recompensa material. Essa felicidade que sentem é a recompensa.
Eis mais uma dica: quando encorajamos uma criança a executar uma tarefa aborrecida com empatia, racionalidade e sem uma linguagem controladora, ela sente-se mais feliz a fazê-la do que se lhes oferecêssemos uma recompensa material. Essa felicidade que sentem é a recompensa.