Brincar é fazer de conta e, sendo assim, não é – seguramente – verdade. Mas, como o sonho, será uma ilusão. Brincar é um faz-de-conta, uma ilusão que se vive sem a consciência de que é ilusão. Já quando a criamos para fugirmos de nós, a ilusão torna-se uma falsidade (um fingimento) através da qual – Pessoa estaria certo – se “(...) finge tão complemente, que [se] chega a fingir que é dor a dor que deveras [se] sente (...)”.
Os sonhos das crianças são muito mais mágicos do que os das pessoas crescidas. Mais mágicos e inantingíveis, como se elas se contentassem, simplesmente, em sonhá-los. “Eu agora sou a mãe”, “Agora tu morrias”, ou “Faz de conta que eu sou o justiceiro e tu és o mau”, serão sonhos, ilusões, ou fingimento, porque brincam com muitas qualidades de emoções e de sentimentos. Por isso, talvez possamos perguntar a que é que as crianças brincam, quando brincam. Não brincam às pessoas crescidas, embora, muitas vezes, o façam aos pais e aos filhos. Brincam com o que sentem. E não há forma de se aprender mais; nem quando se estuda: brincar ajuda a crescer.
O blogue de papel