Uma vez interpelei um homem sobre as razões que o tinham levado a candidatar-se a um lugar para o qual sabia não possuir as qualificações requeridas. Com toda a simplicidade, respondeu-me: “Não sou burro. Vou aprender.” As mulheres tendem a exercer a mesma actividade durante muito tempo por medo de se saírem mal ao enfrentarem novos desafios. Para irem à luta, precisam de sentir absoluta confiança na sua capacidade de corresponder às exigências do novo cargo. Os homens são mais dados a procurar missões arriscadas ou desconhecidas – justamente aquelas que lhes permitem ter a noção dos próprios limites.
No actual mercado de trabalho, quem permanece demasiado tempo numa actividade é visto com a mesma desconfiança de que eram alvo, antigamente, os que saltavam de emprego em emprego. Manter-se muito tempo no mesmo posto transmite uma imagem de falta de ambição e, porventura, de inaptidão para acompanhar a evolução tecnológica na área profissional respectiva.
Por paradoxal que pareça, nem os adeptos da segurança a qualquer preço sentem simpatia pelos que partilham a sua maneira de ver o trabalho. Pelo contrário, é tal a sua admiração pelos indivíduos dinâmicos, entusiásticos e dispostos a correr riscos que até gostariam de os imitar.
