Teria eu os meus 14 anos, trabalhei numa lavandaria cuja dona era dada a enxaquecas. Se, durante a semana, a leitora costuma ir à lavandaria por volta da hora do almoço, está com certeza familiarizada com o incessante roncar das máquinas de lavar e de passar. Uma vez, falava eu aos berros a alguém que trabalhava a poucos metros, quando a proprietária do estabelecimento se aproximou de mim e me segredou ao ouvido: “Nunca te disseram que uma menina não grita quando fala?” Muitos anos depois deste incidente, ainda controlava o tom da minha voz, com receio de que me pudessem tomar por uma rapariga pouco recomendável. Foram precisos 30 anos para eu compreender que, provavelmente, a dona da lavandaria estaria com uma forte enxaqueca e que o seu maior desejo seria ter silêncio à volta. Pergunto-me: quantas adolescentes não terão recebido a mesma mensagem – motivada, quem sabe, por razões idênticas?
O tom da nossa voz é outra das formas pelas quais podemos controlar as impressões que os outros têm de nós. A maioria das mulheres tende a falar baixo. Ora, ao usarmos um tom de voz suave, deixamos transparecer a imagem de uma pessoa hesitante ou com falta de confiança em si própria. O volume da voz também interfere na linguagem corporal: ao falar alto, temos tendência a gesticular mais. Um volume de voz certo, associado a gestos comedidos, transmite de imediato uma impressão de autoridade e de competência.