O Dia dos Namorados é importante ou é apenas uma data?
O Dia dos Namorados é, apenas, um data. Muito importante, todavia! Porque as pessoas namoram de menos. E porque o namoro está em vias de extinção.
Para muitos, o namoro será uma espécie de romagem de eterna saudade. A única oportunidade anual para um jantar de namorados. É claro que, quando é assim, o namoro parece ter sido engolido por uma burocracia inconsolável. Como se no lugar do coração existisse um relógio de ponto. E estivessem (só podem estar!) tomados uma vertigem abolicionista contra o namoro muito difícil de compreender.
O Dia dos Namorados é, apenas, um data. Muito importante, todavia! Porque as pessoas namoram de menos. E porque o namoro está em vias de extinção.
Para muitos, o namoro será uma espécie de romagem de eterna saudade. A única oportunidade anual para um jantar de namorados. É claro que, quando é assim, o namoro parece ter sido engolido por uma burocracia inconsolável. Como se no lugar do coração existisse um relógio de ponto. E estivessem (só podem estar!) tomados uma vertigem abolicionista contra o namoro muito difícil de compreender.
Mas à parte de quem, assustadoramente, o burocratiza, há uma imensa
maioria silenciosa que, por mais que ache que não há nada de mais
importante que o amor, coloca o trabalho sempre à frente do namoro.
Serão, digamos assim, os abstencionistas. Vivem com horários alargados
de trabalho sob o pretexto de que, com isso, estarão a "vestir a
camisola". Afiançam, repetitivamente que ainda têm férias dos anos
anteriores por gozar. E são os maiores especialistas em aforro nos
bancos de horas que nunca dão à troca pelo namoro.
E há, finalmente, os sufragistas. Seremos nós... Reclamam que o namoro devia estar sempre antes do casamento. Têm a convicção que só quem namora, todos os dias, se casa mais um bocadinho. E que ninguém casa para sempre se não namorar eternamente. São, escuso de dizer, a favor que se dispa a camisola. Não que com isso têm uma qualquer intenção latente (com o seu quê de subliminar) amiga do erotismo. Mas são movidos pela profunda convicção de que, à luz do bem comum, as únicas e as verdadeiras horas extraordinárias são aquelas que (mesmo que se roubem ao trabalho) se dedicam ao namoro.
Por tudo isto, nunca é demais tomar o Dia dos Namorados como uma data que nos alerte a para uma imensa maioria de cidadãos privados do seu mais inalienável direito ao namoro!
E há, finalmente, os sufragistas. Seremos nós... Reclamam que o namoro devia estar sempre antes do casamento. Têm a convicção que só quem namora, todos os dias, se casa mais um bocadinho. E que ninguém casa para sempre se não namorar eternamente. São, escuso de dizer, a favor que se dispa a camisola. Não que com isso têm uma qualquer intenção latente (com o seu quê de subliminar) amiga do erotismo. Mas são movidos pela profunda convicção de que, à luz do bem comum, as únicas e as verdadeiras horas extraordinárias são aquelas que (mesmo que se roubem ao trabalho) se dedicam ao namoro.
Por tudo isto, nunca é demais tomar o Dia dos Namorados como uma data que nos alerte a para uma imensa maioria de cidadãos privados do seu mais inalienável direito ao namoro!
O amor precisa de alimento?
Precisa. Sempre! Todos os amores morrem. Se não forem alimentados. E quanto mais preciosos e mais delicados... mais exigentes eles são. E mais frágeis se tornam, claro.
Somos namorados toda a vida?
Era bom, não era? Mas com tantos abolicionistas e ainda mais abstencionistas - vou-me repetir - é importante que o Dia dos Namorados seja, urgentemente, reabilitado. E que, em vez de existir uma vez por ano (levando a que quem não namora nos outros 364 dias comemore o namoro, de preferência, num restaurante que reparte com dezenas de outros abstencionistas e abolicionistas que, todos de mão dada e de vela a crepitar, falam com o bife, navegam pelo facebook ou se insinuam às batatas fritas) exista todos os meses, primeiro, e todas as semanas, depois. Aliás, para o mundo ser justo, namorar devia ter uma entrada de agenda, todos os dias. E, para que não dê origem a mais abstenções, devíamos assumir, para sempre, como palavra de ordem: Dia dos namorados, sempre!
Precisa. Sempre! Todos os amores morrem. Se não forem alimentados. E quanto mais preciosos e mais delicados... mais exigentes eles são. E mais frágeis se tornam, claro.
Somos namorados toda a vida?
Era bom, não era? Mas com tantos abolicionistas e ainda mais abstencionistas - vou-me repetir - é importante que o Dia dos Namorados seja, urgentemente, reabilitado. E que, em vez de existir uma vez por ano (levando a que quem não namora nos outros 364 dias comemore o namoro, de preferência, num restaurante que reparte com dezenas de outros abstencionistas e abolicionistas que, todos de mão dada e de vela a crepitar, falam com o bife, navegam pelo facebook ou se insinuam às batatas fritas) exista todos os meses, primeiro, e todas as semanas, depois. Aliás, para o mundo ser justo, namorar devia ter uma entrada de agenda, todos os dias. E, para que não dê origem a mais abstenções, devíamos assumir, para sempre, como palavra de ordem: Dia dos namorados, sempre!
"Só quem
namora, todos os dias, se casa mais um bocadinho." Eduardo Sá