A glicemia e o cérebro | Dr. David Perlmutter com Kristin Loberg

Uma vez que a obesidade resulta de uma disfunção metabólica, jamais a poderemos abordar sem referir a questão do controlo da glicemia. E abro este tema, observando brevemente a insulina que, como calculo que saiba, é uma das hormonas mais importantes do corpo. Ela desempenha um papel fundamental no nosso metabolismo, ajudando‑nos a canalizar a energia dos alimentos para as células, de modo que elas possam funcionar. É um processo de uma complexidade singular. As células só podem aceitar a glucose com a ajuda da insulina que funciona como um veículo e é produzida pelo pâncreas. A insulina transporta a glucose da corrente sanguínea para as células, onde pode ser utilizada como combustível.

Se forem normais e saudáveis, as células dispõem de muitos recetores para a insulina e não têm dificuldades em reagir‑lhe. Mas, se forem impiedosamente expostas a níveis elevados de insulina, pela presença constante de glucose – pelo consumo de excessivo de hidratos de carbono e açúcares refinados –, a célula faz uma coisa brilhante, para se adaptar: reduz o número de recetores que reagem à insulina na sua superfície. É como se fechasse algumas portas para não ouvir a insulina a bater. Em consequência, torna‑se dessensibilizada ou “resistente” à insulina. Uma vez resistente à insulina, a célula passa a ser incapaz de receber glucose do sangue; e a glucose permanece na corrente sanguínea. À semelhança do que
https://www.leyaonline.com/pt/livros/desenvolvimento-pessoal/cerebro-de-fibra/acontece na maioria dos processos biológicos, existe um sistema de recuperação “à prova de falhas”. O corpo quer tratar esse problema, porque sabe que não pode ter glucose à solta no sangue. Então, manda o pâncreas aumentar a produção de insulina para a limpar. É claro que o pâncreas obedece e continua a bombear tanta insulina quanto for necessária para empurrar a glucose para as células. E é necessário produzir mais insulina porque as células não lhe reagem.
É evidente que assim se cria um ciclo vicioso que normalmente culmina na diabetes Tipo II.