Cocktail de conhecimentos | Lúcio Lampreia

Até há bem pouco tempo víamos dois canais de televisão, ouvíamos música em cassetes e discos de vinil. Um iogurte era um iogurte, quanto muito de sabores, não havia bifidus, líquidos, biológicos, de soja, com ou sem polpa, com ou sem cereais.
O acesso à informação fazia-se de forma bastante controlada, e por isso a nossa percepção acerca de nós e do mundo era muito mais restrita.

O mundo era o círculo mais ou menos fechado onde nos movimentávamos. No mercado de trabalho a maioria das pessoas passava a sua vida numa única profissão e geralmente numa única empresa (e na realidade, não havia muitas opções quer fosse de profissões quer de empresas).
As tarefas estavam bem definidas e circunscritas a um determinado campo de actividade, não existiam grandes misturas intra departamentais, e as especialidades eram estanques: a engenharia como um fim em si própria, bem como a medicina, a economia, a arquitectura e a psicologia.
Hoje, o mundo abriu-se num leque de possibilidades: do departamento estanque passámos para áreas interdependentes, explodiram os canais de televisão, pacotes e formas de acesso e agora para escolher um iogurte enfrentamos corredores e corredores de opções.

Entretanto a Internet abriu o leque de possibilidades de uma forma massiva e consistente: de um departamento passámos para áreas a perder de vista.
Ao mesmo tempo, ao quadro da empresa deixou de ser suficiente conhecer apenas o seu cantinho ou investir apenas numa especialidade. Passámos todos a ter de conhecer (ou pelo menos reconhecer)
tudo, e em vez de termos um país para trabalhar, temos agora o mundo inteiro.