Erro n.o 61 - Utilizar Vocabulário Autodepreciativo | Dra. Lois P. Frankel

Apesar de o discurso autodepreciativo não ser apanágio das mulheres, elas recorrem a ele com mais frequência do que os homens. Entende -se por vocabulário autodepreciativo o que utilizamos para desvalorizar a importância ou a dimensão dos nossos actos. A atitude recente da filha de um primo meu – uma adolescente de 17 anos – recordou-me que se trata de um reflexo adquirido na infância em resposta ao “dever” de não nos mostrarmos orgulhosas nem gabarolas.


Durante uma reunião de família, o avô, orgulhoso, anunciou que ela recebera vários prémios na escola. Quando a felicitei e lhe perguntei quais tinham sido, respondeu-me: “Oh, são só os prémios que costumam atribuir aos melhores alunos do nosso estado.” Apesar de ter ficado mais ou menos na mesma, como a leitora poderá imaginar, deduzi que, para os merecer, ela tivesse obtido resultados muito acima da média. Ao usar a palavra só, a rapariga estava a desvalorizar o reconhecimento do seu mérito.
Esta atitude tem um equivalente na vida profissional, que consiste em subestimar o êxito alcançado ou em o atribuir a outros factores que não o talento, o engenho e o trabalho. Em resposta aos cumprimentos e felicitações de que são alvo, muitas mulheres respondem com frases do tipo: “Não foi nada de especial” ou “Foi uma questão de sorte”. Repita -as insistentemente e verá como também a leitora acabará por acreditar nelas.

Dicas

> Habitue -se a dizer: “Obrigada. Sinto-me feliz com os resultados.” Repita estas palavras tantas vezes quantas as necessárias até as conseguir pronunciar espontaneamente sempre que alguém a felicitar.
> Descreva os seus sucessos com objectividade, sem recorrer a expressões do tipo “Foi só…” ou “Eu própria fiquei surpreendida…”.
> Se insiste em mostrar modéstia, experimente dizer qualquer coisa do género: “Obrigada. Estou https://www.leyaonline.com/pt/livros/ciencias-sociais-e-humanas/gestao/as-boas-raparigas-nao-sobem-na-vida/orgulhosa com o êxito alcançado e faço questão de o partilhar com todos os que contribuíram para o tornar possível.”
> Não deixe de ler o livro Power Talk: Using Language to Build Authority and Influence [“O Poder do Discurso: A Linguagem como Instrumento de Influência e Autoridade”], de Sarah Myers McGinty. O livro ajudá-la-á a ter uma visão mais vasta da importância de adequar a forma de se expressar às diversas situações, além de a munir de técnicas que lhe permitem assegurar que a mensagem a transmitir será levada a sério.