O cigarro eletrónico | Michel Cymes

Desde a sua chegada ao mercado, o cigarro eletrónico tem animado acesos debates. Para uns, ajuda a parar de fumar. Para outros, é uma tentação para aprendizes de feiticeiros. A minha convicção é que o cigarro eletrónico é infinitamente menos nocivo para a saúde que o tabaco. Não chegarei ao ponto de aconselhar os não fumadores a darem no vapor (uma vez que não se conhecem os efeitos a longo prazo desta prática), mas encorajo aqueles que não conseguem deixar de fumar a trocarem o cigarro clássico pela sua versão eletrónica: livram­‑se assim da intoxicação por via do alcatrão e de outros produtos cancerígenos cuja presença no tabaco e no fumo está comprovada... já não é nada mau.

É certo que, a intervalos regulares, são publicados estudos que garantem, cada vez com mais certezas, que o cigarro eletrónico é nocivo. Depois de lermos as letras gordas, e quando entramos nos pormenores, esses estudos parecem sempre um tanto quanto opacos e nada está provado. Quem financia esses estudos? É quase sempre difícil saber. E não custa muito imaginar que os inimigos do cigarro eletrónico entraram em contra­‑ataque... E o primeiro desses inimigos é o lobby do tabaco, por razões evidentes, aliás. O segundo é, seguramente, o lobby farmacêutico: menos fumadores, significa menos doentes; menos doentes, significa menos medicamentos; menos medicamentos, significa menos lucros. Quanto ao terceiro inimigo do cigarro eletrónico... as más línguas chegam a dizer que é https://www.leyaonline.com/pt/livros/saude/viver-melhor-e-mais-tempo/o Estado! Sim, o Estado! É um tanto ousado, mas o raciocínio merece um pouco de atenção. Em cada maço de tabaco vendido, o estado coleta uma percentagem enorme de impostos (80 por cento em França, um dos países da UE com maior incidência de impostos sobre produtos de luxo!). Tudo somado, resulta num manancial de vários milhões de euros de lucro, que diminuiriam drasticamente se amanhã todos os fumadores passassem para o cigarro eletrónico, cuja incidência de impostos é muito mais reduzida. Por isso, fumar é bom... para as finanças públicas.