Alongamentos | Dr. Michael Mosley com Peta Bee

Há a convicção generalizada de que o alongamento estático - o tipo que envolve manter um movimento, como inclinar-se e tocar nos dedos dos pés – torna os músculos mais flexíveis, prepara-os para a atividade e reduz a possibilidade de lesão. Apesar de generalizada, essa convicção não parece baseada em provas concretas. Na verdade, o tipo de alongamentos que a maioria das pessoas pensam que devem fazer antes do exercício – tocar nos dedos dos pés ou alongar os tendões do jarrete – não têm vantagens óbvias e podem ser prejudiciais.

Quando o Dr. Ian Shrier do Centro de Epidemiologia do Jewish General Hospital em Montreal analisou as provas existentes sobre os alongamentos antes do exercício para The Physician and Sports Medicine Journal há vários anos,1 constatou que os alongamentos imediatamente antes de uma sessão no ginásio provocavam uma redução da força muscular. Os efeitos foram pequenos e temporários, mas bastante significativos para Shrier, antigo presidente da Academia Canadiana de Medicina Desportiva, recomendar a retirada dos alongamentos do aquecimento.
Também há a questão de saber se os alongamentos reduzem as lesões. A maioria dos estudos sugerem que não. Um artigo de análise no Sports Medicine2 refere o ponto sensível de que se o desporto que a pessoa pratica englobar muitas paragens e arranques (por exemplo, futebol), então haverá alguma vantagem em fazer alongamentos; mas se pratica corrida, jogging ou natação, há fortes evidências de que os alongamentos «não têm um efeito benéfico na prevenção de lesões».
Se quiser alongar antes de começar, faça um aquecimento dinâmico com movimentos como rotação de braços e passos laterais. Os movimentos dinâmicos enviam uma mensagem do cérebro para os músculos, a dizer «Estamos prontos para fazer exercício». Os alongamentos estáticos, pelo contrário, desencadeiam uma resposta inibitória no cérebro. Para desportos como futebol, os alongamentos dinâmicos podem significar alguns pontapés na bola e fintas.