Legumes: crus ou no caldo? | Michel Cymes

«O caldo está entornado», é uma expressão que todos conhecem. Quando se utiliza não costuma ser bom sinal. Mas digo-vos com toda a convicção que «o caldo não está entornado» quando contém legumes. E alguns beneficiam particularmente da cozedura. É o caso da cenoura.
Não é preciso desesperar, pois é tudo uma questão de contexto. Por exemplo, no momento de ir para a mesa, saber que as cenouras estão cozidas pode deixar-nos descansados. É que as cenouras perdem a sua parede celular na cozedura, facilitando assim a absorção pelo nosso organismo dos antioxidantes carotenoides que estas contêm. O mesmo acontece com o tomate: imaginava que este beneficia de uma passagem pelo forno? A cozedura faz aumentar o seu teor de licopeno, um antioxidante útil para diminuir os riscos de cancro e de problemas coronários.


Isto sucede com a cenoura e com o tomate, mas também com os brócolos, a couve, o nabo, o rabanete e, de um modo geral, com todos os legumes com folha... Os exemplos de legumes que se revelam melhores para a saúde quando são consumidos cozidos são abundantes.
Mas como nada é simples, não se deve cair no fundamentalismo de querer tudo cozido. O cru tem também as suas vantagens, a começar pela preservação de boa parte das vitaminas e das enzimas que se dão mal com a passagem pela panela. E depois, comer cru obriga a mastigar mais, e mais demoradamente. Mastigar é bom para a saúde! E é excelente para o estômago, cujo trabalho se encontra facilitado (é caso para dizer «papinha feita»). Consequência: trabalha menos, evitando assim o excesso de atividade tão característico dos momentos em que as dores surgem após uma refeição https://www.leyaonline.com/pt/livros/saude/viver-melhor-e-mais-tempo/mais voluntariosa. Aliás, repare que, quanto mais mastiga, mais o corpo segrega histamina, uma hormona que provoca uma sensação de saciedade e evita, desde logo, que coma mais do que o necessário.
Em resumo, não passe a comer tudo cozido em detrimento dos alimentos crus, e vice­‑versa. Saiba variar o modo de consumo, tendo sempre presente que o essencial, com os legumes, é sobretudo comê­‑los regularmente.