Uma boa forma de se obrigar a fazer as coisas é apostar que as faz, mas com alguém que virá sem dúvida exigir o pagamento. Tem de ser alguém sem misericórdia – uma pessoa que não lhe dê qualquer desconto e não compreenda que “fez o melhor que podia”. O que se pretende é aquele tipo de pessoa que a fará sentir‑se humilhada antes mesmo de as desculpas lhe começarem a sair da boca, ou que lhe aparecerá à porta com um saco de serapilheira, uma pedra e uma venda se tentar escapar‑ se ao pagamento da dívida. E certifique‑se de que aposta algo penoso de perder, mas não demasiado irreal. Por exemplo, pode apostar mil euros em como terá o primeiro capítulo do livro escrito em determinada data. Aposte uma quantia que não lhe dá mesmo jeito perder, mas que conseguirá pagar com algum esforço.
Depois passe o cheque à outra pessoa, incluindo a data de pagamento, e ponha‑o em cima da secretária para se lembrar do que a espera se não despachar o trabalho a tempo. E, caso queira mesmo elevar a fasquia, diga à outra pessoa que, se não cumprir o prazo, em vez de lhe dar o dinheiro o doará a um grupo qualquer que abomina, ou a uma causa que a deixa enojada. Pessoalmente, este tipo de horror faz maravilhas pela minha autodisciplina.