De portas abertas | Lúcio Lampreia

A inovação sempre encontrou resistentes, gente que não acreditava na mudança, que queria manter tudo como antigamente e que acima de tudo evitava combinações esquisitas como telefones com máquinas fotográficas ou vidros de carros com elevadores eléctricos.

Mas a verdade é que as maiores inovações acontecem quando dois ou mais elementos estranhos se conjugam por acaso ou enquadrados num determinado tipo de experiência científica ou tecnológica. O iPhone é o canivete suíço moderno, de onde tiramos as ferramentas de que precisamos: a câmara fotográfia, a aparelhagem de som, o GPS... e até o telefone.
Portugal descobriu recentemente o Cake Design. Por todo o lado surgem cursos, workshops, livros, exposições de bolos com todas as formas e feitios, coloridos, a preto e branco, programas de televisão, como se nada fosse impossível para um bolo. O que é que aconteceu? Simples, juntou-se o design aos bolos. Resultado: há toda uma comunidade a partilhar as suas obras, a desenvolver https://www.leyaonline.com/pt/livros/ciencias-sociais-e-humanas/gestao/mude/concursos, a vender produtos, a criar empregos. Os bolos na sua forma tradicional foram apropriados pelo design. Antes de se comer o bolo, admira-se a sua forma, tiram-se fotografias e partilham-se, falamos portanto de um objecto passível do broadcast.
O mesmo acontece com o mercado de trabalho. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas que conheço juntaram ao seu trabalho áreas que à partida estariam distantes: música e trabalho em equipa,
psicologia e teatro, desenho e gestão, medicina e estética, escola e café, animais e pedagogia.